Notícias
Vídeo faz parte das apresentações feitas durante o 34º EMAT no canal da AMATRA1; psicanalista Nelisa de Araújo Guimarães também discute os aspectos psicológicos da conduta
A juíza da TRT-4 Valdete Souto Severo afirmou, durante sua palestra no EMAT 2025, que o debate sobre assédio processual no âmbito trabalhista só pode ser compreendido a partir de uma análise da formação histórica do processo do trabalho, que foi estruturado sobre bases liberais e racionalidade escravista que ainda influenciam práticas institucionais. A AMATRA1 publica o vídeo completo da palestra nesta quinta-feira (11).
A publicação dá continuidade à série de vídeos do evento. Durante a exposição, Valdete Souto destacou que o reconhecimento do assédio processual é recente no sistema trabalhista, com a primeira decisão identificada em 2017, mas que o fenômeno não pode ser visto isoladamente. Para ela, práticas consideradas hoje litigância predatória, condutas temerárias ou defesas procrastinatórias também refletem a atuação do próprio sistema de Justiça.

Valdete Souto, Daniela Muller e Aline Leporaci
A magistrada revisitou a formação histórica do direito e do processo no Brasil, argumentando que, diferentemente da Europa, a estrutura jurídica foi imposta de forma colonial e simultânea à escravização de povos indígenas e negros. Segundo ela, essa origem moldou percepções sobre trabalho e sobre quem trabalha, projetando até hoje hierarquias que influenciam a aplicação das normas processuais.
Valdete criticou o afastamento progressivo do caráter urgente do processo trabalhista e apontou práticas institucionais que, na sua avaliação, constituem assédio: exigências processuais sem base legal, como as decorrentes da Súmula 331; a flexibilização da documentação da jornada (Súmula 338); e a aplicação de penalidades sem previsão legal, apesar de a CLT prever apenas o arquivamento.
Em fala recente sobre o evento, ela reafirmou que o EMAT funciona como espaço de reflexão crítica sobre essas estruturas, relacionando o debate sobre assédio às condições históricas que organizam a vida social e o próprio direito do trabalho. Segundo ela, “o estudo e a discussão sobre os elementos que estruturam nossa forma de convívio social e, portanto, produzem situações de assédio nos ambientes de trabalho, são fundamentais”.
Na avaliação da magistrada, compreender a profundidade dessas estruturas é condição para interpretar adequadamente o fenômeno do assédio. Ela destacou que “a luta por justiça social, desde uma perspectiva necessariamente transformadora, depende da compreensão do processo histórico”, e que reconhecer o que estruturou essas relações permite atribuir a devida gravidade aos casos que chegam ao Judiciário. Para Valdete, o debate promovido pela EMAT reforça a relevância da proteção social garantida pelo direito do trabalho e amplia a compreensão institucional sobre práticas abusivas.

Daniela Muller e Nelisa Guimaraes
Também nesta quinta-feira (11), o canal da AMATRA1 disponibilizou a palestra da psicanalista Nelisa de Araujo Guimares, que abordou uma visão psicológica das raízes do assédio moral. Ela destacou que o comportamento se forma muito antes do ambiente de trabalho, nas relações familiares e na infância, onde surgem padrões de dependência, passividade e internalização de agressões. Defendeu uma ética do cuidado desde cedo, políticas públicas de proteção e a compreensão do contexto histórico e subjetivo de cada pessoa para enfrentar relações agressivas.
Leia mais: Série EMAT: Daniela Muller discute violência de gênero e assédio institucional
Série EMAT: assédio processual marca palestra da juíza Aline Leporaci
Carina Bicalho passa a integrar Comitê Nacional PopRuaJud do CNJ
Notícias
Posse foi no salão nobre do TRT-1 e reuniu autoridades, familiares e representantes da AMATRA1
O juiz Igor Fonseca Rodrigues tomou posse, na terça-feira (9), como titular da 1ª Vara do Trabalho de Angra dos Reis, em cerimônia no salão nobre do prédio-sede do TRT-1. A solenidade contou com a presença do presidente da AMATRA1, Rafael Pazos. A promoção por merecimento foi aprovada pelo Tribunal Pleno no dia 4. A vaga aberta é decorrente da nomeação do juiz José Monteiro Lopes para o cargo de desembargador.
A cerimônia reuniu ainda o presidente do Tribunal e o desembargador Roque Lucarelli; Rafael Pazos, acompanhado da diretora-adjunta de Prerrogativas e Direitos da associação, Maria Zilda; além dos ex-presidentes da AMATRA1, a desembargadora Nélie Perbeils e os juízes Paulo Périssé e Luciana Neves.

Desembargadora Nélie Perbeils, juízes Luciana Neves, Igor Fonseca, Paulo Périssé e presidente Rafael Pazos
O novo titular destacou a necessidade de planejamento estratégico diante do histórico déficit de servidores e projetou medidas para alinhar o funcionamento da Vara do Trabalho de Angra dos Reis para atender melhor às demandas da população. “O maior desafio a ser enfrentado é, dentro das condições materiais e de pessoal existentes, conseguir estruturar um fluxo de trabalho que permita o correto atendimento à demanda”, afirmou.
Promovido pelo critério de merecimento, Igor Fonseca Rodrigues ingressou no TRT-1 em 2015. Antes da posse, atuava como juiz gestor da Centralização junto à Coordenadoria de Apoio à Execução (Caex) e da Efetividade da Execução Trabalhista, funções voltadas ao aprimoramento da organização interna e da execução.
O magistrado explicou que o trabalho já está em curso e que a primeira fase será dedicada ao redesenho de rotinas e à reorganização da unidade. Segundo ele, a proposta envolve “uma estruturação e um planejamento para que se possa, ao longo dos próximos semestres, conseguir colocar a VT em linha com os critérios de atendimento e de produtividade que o Tribunal espera das suas unidades jurisdicionais e ao qual têm direito os jurisdicionados”.
Leia mais: Ronaldo Resende toma posse como titular da 3ª Vara do Trabalho de Volta Redonda
Pleno do TRT-1 promove Fabiano Luzes e Luciano Moraes a juízes titulares
Associados da AMATRA1 tomam posse em Sessão Ordinária do Órgão Especial
Notícias
Palestra na quinta-feira (4) apresentou estratégias de planejamento patrimonial e discutiu perdas remuneratórias da categoria
A AMATRA1 realizou em sua sede, na quinta-feira (4), uma palestra sobre planejamento patrimonial em parceria com o Grupo Ável. O evento reuniu associados para discutir formas de organizar o orçamento, avaliar oportunidades de investimento e compreender os efeitos das perdas remuneratórias recentes sobre o patrimônio pessoal.
A atividade foi ministrada pelo assessor de investimentos Caio Cunha e pelo private banker Renan Cardoso, ambos do Grupo Ável, e fez parte da agenda institucional dedicada à educação financeira.
O encontro apresentou orientações práticas sobre formação de patrimônio e detalhou cenários de longo prazo para diferentes perfis de investidores. Cunha e Cardoso expuseram opções disponíveis no mercado e demonstraram modelos comparativos para tomada de decisão, com foco em segurança e previsibilidade.
A vice-presidenta da AMATRA1, Fernanda Stipp, responsável pela organização do evento, afirmou que a proposta da atividade foi garantir que a categoria tenha apoio técnico para estruturar seu planejamento financeiro. Ela destacou que os representantes do Grupo Ável expuseram de forma transparente diferentes possibilidades e apresentaram um panorama das perdas remuneratórias acumuladas. Segundo Stipp, eles “mostraram para nós o quanto de perdas remuneratórias tivemos e que, se não fizermos um bom planejamento, ficamos sem prevenção”.
O evento consolidou a parceria entre AMATRA1 e Grupo Ável, ampliando o acesso a informações especializadas e incentivando práticas de organização patrimonial diante do cenário atual de remuneração e exigências profissionais.
Leia mais: TST, CSJT e CNJ vão cooperar em política nacional de promoção do trabalho decente
Simpósio da Ejud1 debate racismo estrutural e institucional nas relações de trabalho
Três associados recebem a Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho 2025 do TRT-1
Gestão 2024-2025
Natural do Rio de Janeiro (RJ), Daniela Valle da Rocha Muller ingressou na Magistratura do Trabalho em 2000, assumindo como juíza substituta no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ) em 2001 e tornando-se titular em 2012, com atuação em varas da capital e de Campos dos Goytacazes.
É graduada pela Faculdade Nacional de Direito da UFRJ e mestra pelo Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH/UFRJ), com pesquisa voltada ao trabalho escravo contemporâneo. Autora do livro “Representação judicial do trabalho escravo contemporâneo: compreendendo a construção da jurisprudência através da linguagem” (2021), dedica-se a temas de direitos humanos, dignidade no trabalho e igualdade de gênero.
A Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 1ª Região - Amatra1 é uma entidade de natureza civil, sem fins lucrativos, e atua na defesa dos direitos e interesses dos magistrados trabalhistas ativos e aposentados do Rio de Janeiro.